Inquieta, tenho desde cedo buscado lugares onde assentar minhas dúvidas. Formei-me em jornalismo, por adorar palavras e polêmicas, mas nunca exerci a profissão. Falou mais alto o fazer intuitivo da imagem e o prazer de me deixar guiar pelo que as mãos constroem para ver. Assim, depois de trabalhar com audiovisual, design gráfico e concluir um mestrado em Teoria e História da Arte, resolvi criar objetos para se usar e mostrar no/o corpo.
É desse caminho oblíquo que vem meu interesse pelas joias. São formas – planos, linhas e volumes – que recortam o corpo, ressignificando-o. Como pequenos discursos a partir do quais as pessoas podem se dar a (re)conhecer. Do estudo sobre arte e da experiência de viver em Brasília vem a opção por articular estes elementos de maneira limpa, “minimalista”, o gosto pela tridimensionalidade e certa incompletude, que devolve àquele que veste meu trabalho as perguntas nunca respondidas. É importante que este seja simples, tenha formas elementares e evidentes, mas que ao mesmo tempo, de seu encontro com o corpo, ressurja a dúvida inicial. Em outras palavras, desejo que minhas joias sejam improváveis
Joana Vasconcellos Prudente (joanavp)

Antes de pintar as paredes das cavernas, o homem se enfeitou. Enfeitou-se tanto para ultrapassar a si mesmo e comungar da beleza do mundo, quanto para reafirmar seu pertencimento ao clã e sua posição dentro deste, reconstruindo continuamente os marcos de identidade e diferença que o sustentavam. Muda o universo, os clãs, mas não o jogo entre estes dois extremos, tampouco o papel que o adorno aí desempenha. No que o corpo exibe, pode-se ler o lugar que ele ocupa ou quer ocupar.